Eu tenho um baú
Ele é ocre
Ele é oco
Ele não tem chave
Ele não tem fresta
Guardo nele
Mais do que matéria
Guardo nele
Minhas memórias
Eu o abro
E viajo
Lá tudo é novo
Não há espaço para o velho
Eu guardo o que quero
Eu organizo as lembranças
Eu começo a escrever
No folhetim
Ao som da primavera
Quando eu quero escrever
Eu só abro o baú
Ele é ocre
Ele é oco
J. Nobre